Deputado Federal Marcio Marinho (Republicanos-BA) sobe à tribuna da Câmara dos Deputados para denunciar essa prática
A morte do optometrista Marcelo de Souza Nogueira, assassinado a tiros em Itapetininga (SP), lança um alerta para a desinformação como arma de menosprezo profissional.
A polícia civil está investigando o caso e, em princípio, há o entendimento que o crime, que vitimou mais duas pessoas, teria sido motivado por disputa profissional entre Marcelo e o oftalmologista José Gabriel Bloise de Meira.
O deputado federal Marcio Marinho (Republicanos-BA) subiu à tribuna da Câmara dos Deputados para denunciar a desinformação como arma de menosprezo profissional.
“O que aconteceu em Itapetininga é o extremo de um problema que infelizmente existe há muito tempo na área da saúde: a hostilidade e o assédio contra a optometria”, afirma o deputado federal.
Leia a íntegra do discurso:
Senhor Presidente, senhoras e senhores parlamentares,
O Brasil inteiro ficou chocado com o que aconteceu em Itapetininga, no interior de São Paulo.
Um crime brutal tirou a vida de duas pessoas, um paciente e um optometrista, pelas mãos de um médico oftalmologista.
Duas vidas interrompidas por causa de uma rivalidade profissional. Isso é inaceitável.
Nada, absolutamente nada, justifica que diferenças entre categorias se transformem em ódio, em violência ou em morte.
A optometria é uma profissão séria, reconhecida e essencial para o cuidado da visão de milhões de brasileiros.
São profissionais que trabalham com ética, com amor e com compromisso, especialmente em lugares onde muitas vezes não há acesso fácil à saúde ocular.
Esses trabalhadores merecem respeito, dignidade e o direito de exercer a profissão com tranquilidade e segurança.
Como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Optometria, manifesto aqui a minha mais profunda indignação com esse crime bárbaro.
E deixo a minha solidariedade às famílias das vítimas. Que Deus conforte o coração de todos que estão sofrendo com essa perda irreparável.
Mas, mais do que lamentar, é preciso refletir.
O que aconteceu em Itapetininga é o extremo de um problema que infelizmente existe há muito tempo na área da saúde: a hostilidade e o assédio contra a optometria.
Mesmo após o Congresso Nacional manter os vetos presidenciais à Lei do Ato Médico, a Lei 12.842 de 2013, deixando claro que não é privativo do optometrista o ato de prescrever lentes de grau, ainda assim vemos entidades médicas agindo como se estivessem acima da lei.
Mesmo depois do Supremo Tribunal Federal decidir que é inconstitucional qualquer norma que proíba o optometrista de trabalhar, justamente promovendo a atenção primária em saúde visual e prescrevendo óculos a quem necessita, essas entidades continuam insistindo na desinformação.
Continuam incitando o ódio, menosprezando a optometria e criando uma rivalidade injustificável, quando o que deveria existir é cooperação e harmonia em prol do paciente.
Além disso, essas mesmas entidades promovem um verdadeiro assédio processual, movendo centenas de denúncias em delegacias e ações judiciais totalmente contrárias ao que já foi decidido pelo Supremo, apenas para intimidar e ameaçar optometristas.
Essa estratégia gananciosa de dominação de mercado, de negacionismo científico e de desobediência às decisões judiciais não apenas constrange e inibe o exercício profissional.
Ela adoece, destrói trajetórias e, agora, chegou ao ponto mais trágico: o da violência física, sanguinária e repulsiva.
E não podemos esquecer de outro episódio doloroso que também marcou a categoria.
Um optometrista da Bahia, meu estado, tirou a própria vida por não suportar mais as perseguições e pressões que enfrentava no exercício da profissão.
Mais uma vida perdida, não por falta de amor ao que fazia, mas por excesso de dor diante da intolerância.
Isso mostra que a violência não é apenas física.
A violência moral, institucional e psicológica também mata, e mata silenciosamente.
Pesquisas internacionais confirmam o que estamos vendo.
Um estudo de revisão sistemática publicado na National Library of Medicine mostra que o bullying e a hostilidade entre profissionais da saúde aumentam o risco de erro clínico, prejudicam o cuidado e colocam vidas em risco.
Essas atitudes de desrespeito e exclusão têm prevalência relevante e consequências sérias para o ambiente de trabalho e para os pacientes.
A saúde precisa ser um espaço de cooperação, de integração e de cuidado mútuo.
Nenhum profissional deve se sentir inimigo do outro.
Todos nós trabalhamos com o mesmo propósito: garantir saúde e qualidade de vida para a população.
O Brasil precisa construir um ambiente de respeito entre as categorias da área da saúde.
E o Parlamento tem um papel fundamental nisso.
Precisamos garantir que cada profissão tenha o seu espaço reconhecido e possa contribuir plenamente com o atendimento ao cidadão.
Reafirmo aqui o meu compromisso como presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Optometria.
Vamos continuar lutando pelo respeito, pelo diálogo e pela valorização dos profissionais que dedicam suas vidas a cuidar da visão do nosso povo.
Que a justiça seja feita.
E que este episódio tão doloroso nos desperte para a urgência de promover mais empatia, mais união e mais humanidade em todas as áreas da saúde.
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Fernando Neves
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